Os carismáticos colocam a primazia sobre a “cura física” e dizem ao povo que Deus não quer ninguém doente, encorajando as pessoas a pedirem cura e milagres o tempo todo, tudo daquele jeitinho bem barulhento, com imposição de mãos, música alta e assim por diante. Eles não possuem um sólido fundamento para pensar desse modo, pois na Igreja de Deus (Mateus 16,18) sempre se ensinou que sofrer tais privações com resignação é coisa edificante e meritória. Eis o belíssimo exemplo de São Paulo em sua segunda carta aos Coríntios 12,7-10 – “Demais, para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade. Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. Mas ele me disse: Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força. Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte.” A Renovação Carismática se gaba de ter chamado a atenção para o Espírito Santo, aquele que era o “Deus desconhecido” da Igreja pré-Vaticano II. Muito bem, mas e se eu lhe disser, caro leitor, que o Espírito Santo não chama a atenção para si, mas para o mistério de Cristo? Vamos comprovar? João 16,13-14 – “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.” O Espírito Santo planta na alma os seus sete dons e a as virtudes infusas a fim de glorificar a Cristo. O carismático não entende essas coisas e, pior ainda, toma a sua “experiência mística” como certeza da graça recebida. Em outras palavras, ele eleva uma provável possessão demoníaca ou, na melhor das hipóteses, uma mera intensificação de suas emoções, ao grau de Sacramento. Pois bem, o Catecismo em seu número 268 ensina que somente os Sacramentos são sinais sensíveis que garantem o recebimento da graça. Ora, o que um carismático poderá negar na teoria, ele não será capaz de fazer na prática. O sucesso deste movimento consiste basicamente no fato de que as pessoas realmente identificam suas experiências ou emoções com a certeza da graça recebida. Essa identificação é um equívoco! Vejamos o que os santos dizem: Assim diz São Vicente Ferrer: “Os êxtases, as visões e as revelações não são de jeito nenhum um argumento inconteste da permanência ou assistência de Deus em uma alma. Quantos se viram que foram enganados com esses tipos de visões? Embora tenham sido a causa de conversão ou mesmo de salvação de algumas almas, é um estratagema do espírito maligno que fica contente em perder um pouco para ganhar muito.” Já, São João da Cruz diz o mesmo: “Assim, o demônio fica muito contente de que uma alma deseja revelações ou que a veja inclinada a isso. Porque tem então uma ocasião fácil de lhe sugerir seus erros e de a desviar da Fé tanto quanto puder. Pois [como dissemos] a alma que deseja essas revelações se coloca em uma disposição muito contrária à Fé e atrai para si muitas tentações e muitos perigos.” (continua na parte 4) Artigo relacionado: Não seja um carismático Fonte: Jefferson Roger e adaptação do site controversiacatolica
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