quinta-feira, 16 de abril de 2020

A lenda das 13 almas

Muita coisa envolve a lenda urbana popularizada como oração das 13 almas, 13 almas benditas, 13 almas aflitas, simpatia das 13 almas para o amor, para o dinheiro, as 13 almas da umbanda e por aí vai. O leitor já percebeu em poucas linhas que não se trata de uma devoção cristã e acima de tudo, honesta. Com alguns auxílios bíblicos iremos colocar algum esclarecimento sobre a questão.

Iniciemos pela chamada oração de São Cipriano, isso mesmo que você leu, mas adianto que esta é uma oração utilizada na umbanda até os dias atuais. A tradição nos revela que Cipriano teve sua passagem pelo espiritismo e pela umbanda, depois se converteu ao catolicismo, porém, deixou para a confusão de muitos, alguns escritos do período pré-conversão. Em seu infame livro Cipriano conta que Deus ao entregar as chaves do céu ao apóstolo Pedro disse para ele que a cada sete anos ele receberia a visão de 13 almas que morreram de forma trágica. Deus (aí começam os erros teológicos) disse que essas almas não eram más ao ponto de serem condenadas ao inferno; disse também que essas almas não estavam prontas para irem direto ao céu, porém (percebam a falcatrua) elas não possuíam pecado para expiarem no purgatório e por isso estariam destinadas a vagar pela terra ajudando aqueles que precisam de auxílio. Pois bem, vamos aos fatos.

Conta-se na tradição católica que uma santa recebeu a graça de Deus de retornar em forma espiritual às suas dirigidas do Carmelo onde ela presidia para lhes dar a seguinte notícia: (A santa diariamente fazia sua visita ao Santíssimo Sacramento, ajoelhando-se para cumprimentar a Jesus. Certo dia, pela pressa caiu em ato displicente e não se ajoelhou perante o Cristo persignando-se com igual falta de zelo). Então, após sua morte a santa para poder entrar no céu, precisou expiar esse pecado e foi conduzida até o purgatório para ajoelhar-se devidamente antes de seguir seu caminho para junto de Deus. Essa história foi retirada da biografia da santa. Muitos são os relatos dessa natureza dentro da tradição e todos servem para demonstrar que, se você não está pronto para o céu e não será condenado, irá expiar o que falta no purgatório, por menor que seja a pendência. Então, isso não coaduna com a explicação de Deus que alguém precisa vagar pela terra porque não pode ir direto ao céu, nem ao purgatório, não existe, é mentira! Ademais, os espíritos desordenados e sem direção por inconsciência da morte repentina, prendem-se ao mundo terreno e estão muito longe de um estado consciente de prestar auxílio a alguém. Muito pelo contrário, necessitam de ajuda. As almas do purgatório necessitam de ajuda dos viventes através dos sufrágios; depois que acendem ao céu elas se recordam quem rezou por elas e ofereceu missas para auxilio na estada de purificação final antes de adentrarem ao paraíso. Essas, ao chegarem na presença de Deus, intercedem em favor dos que pediram por elas. Essa é a verdadeira devoção aprovada pela igreja relacionada as almas do purgatório. A Santíssima Trindade nos concede; Nossa Senhora, os santos e santas e os anjos intercedem por cada um de nós, não nos concedem nada. Uma oração recitada em terreiros de umbanda, adaptada para o campo da simpatia, atualizada em forma de lenda urbana e crendice popular, onde se pede por ajuda pontual para desconhecidos (espíritos não nomeados – são sempre indigentes) e ainda é necessário propagar milheiros, amarrar fitas brancas com nós e colocar em altares, rezar por trezes dias e acender uma vela por dia, ir ao cemitério jogar água no túmulo delas e as crendices (condenadas no livro do deuteronômio) não terminam por aí.

Cabe ao atento cristão seguir a reta ortodoxia doutrinal católica que orienta a vida de todos que querem um dia morar no céu, ajudando-as a afastarem-se de tudo que não procede de Deus.


Fonte: Jefferson Roger

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