É fundamental que nós, católicos, compreendamos que a Palavra de Deus, em sentido pleno, é Nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo Encarnado. Depois disto, num nível diferente (em grau de perfeição), podemos chamar também "Palavra de Deus" às Sagradas Escrituras (Bíblia), e à Tradição Apostólica, como atesta a própria Bíblia (2Ts 2,15; 3,6). Num outro sentido, a Palavra de Deus também se faz "ouvir" (por assim dizer) no Magistério da Igreja divinamente instituída (Mt 16,18). A Igreja, sendo Corpo de Cristo, é a continuação histórica do Cristo na Terra, e é por isso que aqueles que perseguem a Igreja perseguem o próprio Jesus Cristo, como revelou o Senhor mesmo a S. Paulo no caminho para Damasco (At 9,4ss). E como a Igreja se identifica assim tão intimamente com o seu Fundador, – Jesus, que é Deus, – também a palavra da Igreja, por meio do sagrado Magistério, é Palavra de Deus. Sendo assim, a Bíblia é Palavra de Deus por escrito. Logo, não está errado dizer que a Bíblia é Palavra de Deus, mas está errado dizer que a Bíblia é "A" Palavra de Deus, insinuando um sentido absoluto, como se o Livro sagrado só e isoladamente pudesse conter tudo o que Deus Todo-Poderoso tem a nos dizer e instruir. A Bíblia, ela mesma, diz que a Escritura é útil para instruir, mas não diz que somente a Escritura, isolada e exclusivamente, é a nossa única regra de fé e prática. Ao contrário, as Escrituras declaram categoricamente que é a Igreja "a coluna e o sustentáculo da Verdade" para o cristão (1Tm 3,15). – A Bíblia foi produzida pela Igreja, e não o contrário. Assim, devemos recorrer à Igreja para entender e interpretar a Bíblia, não o contrário. A Palavra de Deus escrita precisa ser interpretada à luz da Igreja. Se não fosse assim, cairíamos no caos completo, como aconteceu com o protestantismo: hoje existem dezenas de milhares de denominações ditas protestantes/"evangélicas", e cada uma delas prega "uma verdade" diferente da outra, porque cada "pastor", "ancião" ou "reverendo" interpreta a Bíblia "do seu jeito" particular, – algo que está proibido na própria Bíblia (2Pd 1,20). A Sagrada Bíblia precisa ser lida à luz da fé da Igreja de Cristo, e entendida como um conjunto coeso e coerente de textos, em que uma passagem não pode contradizer outra. Todos os livros do Novo Testamento são unânimes e insistentes em afirmar a importância de se manter a ortodoxia da fé. Poderia uma passagem isolada afirmar que basta um grupo se reunir "em Nome de Jesus" para que Jesus estivesse com eles, no sentido de que sua doutrina fosse autêntica? É evidente que não, pois um texto fora do contexto vira um pretexto. fonte: o fiel católico
Nenhum comentário:
Postar um comentário