quarta-feira, 1 de julho de 2020

A alegria da boa consciência



A glória do homem virtuoso é o testemunho da boa consciência. Conserva pura a consciência, e sempre terás alegria. A boa consciência pode suportar muita coisa e permanece alegre, até nas adversidades. A má consciência anda sempre medrosa e inquieta. Suave sossego gozarás, se de nada te acusar o coração. Não te dês por satisfeito, senão quando tiveres feito algum bem. Os maus nunca têm verdadeira alegria nem sentem paz interior; pois não há paz para os ímpios, diz o Senhor. E se disserem: vivemos em paz, não há mal que nos possa acontecer, e quem ousará ofender-nos? – não lhes dês crédito, porque de repente levantar-se-á a ira de Deus, e então as suas obras serão aniquiladas e frustrados seus intuitos.

A quem ama não é dificultoso gloriar-se na tribulação; pois gloriar-se assim é gloriar-se na cruz do Senhor. Pouco dura a glória que os homens dão e recebem. A glória do mundo anda sempre acompanhada de tristeza. A glória dos bons está na própria consciência, e não na boca dos homens. A alegria dos justos é de Deus e em Deus, a sua alegria procede na verdade. Quem deseja a glória temporal ou não a despreza de todo, mostra que pouco ama a celestial. Grande tranquilidade do coração goza aquele que não faz caso de elogios nem de censuras.

É fácil estar contente e sossegado, tendo a consciência pura. Não é mais santo porque te louvam, nem mais ruim porque te censuram. És o que és, nem te podem os louvores fazer maior do que és aos olhos de Deus. Se considerares o que és no teu interior, não farás caso do que te dizem os homens. O homem vê o rosto, Deus o coração. O homem nota os atos, mas Deus pesa as intenções. Proceder sempre bem e ter-se em pequena conta é indício de uma alma humilde. Rejeitar toda consolação das criaturas é sinal pureza e confiança interior.

Aquele que não procura o testemunho favorável dos homens mostra que está todo entregue a Deus. Porque, como diz São Paulo, não é aprovado aquele que a si próprio recomenda, mas aquele que é recomendado por Deus. Andar recolhido no interior com Deus, sem estar preso a alguma afeição humana, é próprio do homem espiritual.

Fonte: Tomás de Kempis

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