Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio dela que ele deve reinar no mundo. Toda a sua vida Maria permaneceu oculta; por isso o Espírito Santo e a igreja a chamam Alma Mater – mãe escondida e secreta. Tão profunda era a sua humildade, que, para ela, o atrativo mais poderoso, mais constante era esconder-se de si mesma e de toda criatura, para ser conhecida somente de Deus.
Para atender os pedidos que ela lhe fez de escondê-la, empobrecê-la e humilhá-la, Deus providenciou para que oculta ela permanecesse em seu nascimento, em sua vida, em seus mistérios, em sua ressurreição e assunção, passando despercebida aos olhos de quase toda criatura humana. Seus próprios parentes não a conheciam; e os anjos perguntavam muitas vezes uns aos outros: quem é esta? (Ct 3,6;8,5) pois que o altíssimo lha escondia; ou , se algo lhes desvendava a respeito, muito mais, infinitamente, lhes ocultava.
Deus Pai consentiu que jamais em sua vida ela fizesse algum milagre, pelo menos um milagre visível e retumbante, conquanto lhe tivesse outorgado o poder de fazê-los. Deus Filho consentiu que ela não falasse, se bem que lhe houvesse comunicado a sabedoria divina. Deus Espírito Santo consentiu que os apóstolos e evangelistas a ela mal se referissem e apenas no que fosse necessário para manifestar Jesus Cristo. E, no entanto, ela era a esposa do Espírito Santo.
Maria é obra-prima por excelência do altíssimo, cujo conhecimento e domínio ele reservou para si. Maria é mãe admirável do filho, a quem aprouve humilhá-la e ocultá-la durante a vida para lhe favorecer a humildade, tratando-a de mulher, como a uma estrangeira, conquanto seu coração a estimasse e amasse mais que todos os anjos e homens. Maria é a fonte selada (Ct 4,12) e a esposa fiel do Espírito Santo, onde só ele pode penetrar. Maria é o santuário, o repouso da Santíssima Trindade, em que Deus está mais magnífica e divinamente que em qualquer outro lugar do universo, sem excetuar seu trono sobre os querubins e serafins; e criatura alguma, pura que seja, pode aí penetrar sem um grande privilégio.
Digo com os santos: Maria Santíssima é o paraíso terrestre do novo Adão, no qual este encarnou por obra do Espírito Santo, para aí operar maravilhas incompreensíveis. É o grande, o divino mundo de Deus, onde há belezas e tesouros inefáveis. É a magnificência de Deus, em que ele escondeu, como em seu seio, seu filho único, e nele tudo que há de mais excelente e precioso.
Fonte: São Luiz Maria Grignion de Monfort
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