Rezo tanto e até para pedidos tão ínfimos perante a grandeza
de Deus eu não sou atendido. Pior ainda é quando se passam anos pedindo a mesma
coisa, que não é pedido material e sim espiritual, não é só para mim e ainda assim
Deus me responde com seu silêncio. Que situação inquietante. O recado que constantemente
se recebe dele é que devo me humilhar, humilhar e humilhar, pedir, implorar e
suplicar incessantemente e ainda por cima suportar com paciência todos os
sofrimentos que ele envia ou permita que aconteçam. E ainda por cima, para
piorar ainda mais, devo servi-lo e adora-lo. Complicado...
Não parece que as coisas são assim? Pelo visto, não só
parece como são. Porém, a complexidade dessa relação criada por ele com suas
criaturas não iremos em vida compreender na totalidade. As coisas são assim e
pronto, questiona-lo de nada adianta, somos suas propriedades. Vamos recorrer a
uma analogia para compreendermos um pouquinho a situação. Vejamos o dono e seu
cachorro. O dono espera que o cachorro seja obediente, não lata sem
necessidade, não saia pela casa destruindo tudo, não suba onde não deve, não
faça sujeiras fora do lugar adequado, não entre em ambientes proibidos, seja
comportado quando se recebe visitas, não atrapalhe na hora das refeições, se
comporte durante seus banhos, na hora da higiene, coma direito, durma direito,
não fique aos choros desnecessários e assim por diante. Se o cachorro fizer
tudo isso recebe seus carinhos e companhias. Se não fizer, dependendo do nível
de desobediência e comportamento dele é possível que seu dono se desfaça do
animal. Ele é sua propriedade, tem autoridade sobre ele e pode decidir seu
destino. Se decidir que ele vai embora da casa, ele vai.
Assim procede Deus conosco, essa é a sensação que temos,
pois, temos que fazer muitas coisas em prol de uma obediência e só nos é
concedido o que lhe apetece. E não adianta fazer como os cachorros que ficam
rodeando seu dono, insistindo para ganhar aquele pedaço de comida que não é sua
ração. De Deus não tiramos nada a força. Sempre foi assim.
Pois bem, quando pedimos algo temos, como já atestamos na
prática e em resumo, quatro possíveis respostas vindas do altíssimo. Ele pode
nos conceder o que pedimos prontamente (é seu sim), ele pode não nos conceder
(é seu não), o pedido ainda está imaturo (é seu cresça) ou ele irá conceder na
hora certa, ainda é cedo demais e a graça na hora imprópria, estando o requerente
com a alma despreparada mais prejudicará que beneficiará (é o seu espere). Somente
a comunhão com Deus aproxima a alma de seu criador e abre o coração para que
saibamos compreender em que pé estão nossos pedidos e o que ainda falta para
nos alinharmos ao que nos é pedido pelo pai. Vale sempre recordar a máxima:
Deus nos concede o que precisamos e não o que queremos, pois é o seu querer que
prevalece sobre o nosso, por mais que nos pareça que precisamos daquilo que
pedimos. Ser discípulo de Jesus não é fácil, precisamos guardar tudo no coração
(Lucas 2,19), como Maria Santíssima fazia e sermos imitadores de Cristo (1ª
Coríntios 11,1).
Fonte: Jefferson Roger
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