Se tem uma coisa que a alma humana padece em suas batalhas
diárias é a tentação de deixar para amanhã, de não se aquietar e de não se
mexer na direção de Deus. Sem dúvida alguma nosso inimigo cruel, sempre com
tempo para dedicar-se nos assuntos que dizem respeito à nossa perdição eterna,
não mede esforços para que nossa derrocada seja definitiva e sem possibilidade
de retorno.
A alma é tentada a não ficar em seu lugar, cuidando dos
assuntos relacionados a salvação eterna; ela se torna, se colocar os sentidos para
as ofertas do mal, do mundo e da concupiscência, inquieta, agitada, incapaz de
se recolher no silêncio do coração – onde Deus lhe fala – e, por conseguinte, agir
conforme o esperado pelo altíssimo.
Ademais, faz o mesmo em relação ao diabo. Já diziam os
santos que ele é como um cão acorrentado, não se aproxime, não lhe dê atenção,
afaste-se das tentações e ocasiões de pecado. Não é para ele que deves estender
sua mão! Nem abrir seu coração, nem desperdiçar seu tempo e seus anseios.
Atitudes assim, vividas por muitos, mais radicalmente ainda
o eram pelos santos dos desertos, que se isolavam de tudo, como Santo Antão, o
monge do deserto, que em sua dedicação extrema a Deus, irritava tanto o demônio
que este, de tantas maneiras buscava corromper o coração deste cristão. Tudo em
vão, pois “se Deus e por nós, quem será contra nós?”
E quanto a nós, filhos do todo poderoso, agraciados com o
anjo da guarda, colocados sob o olhar do Cristo e a assistência do Espírito
Santo, o que fazemos tentando agir sozinhos ou ainda, vale recordar, deixando
de lado tão grande presente que é a Mãe de Jesus, Maria Santíssima? Uma auxiliadora
e intercessora que não se cansa de nos mostrar o caminho do filho e nos levar
até ele?
Quietos em nosso lugar não significa estáticos, sem fazer
nada, de braços cruzados, esperando que tudo caia do céu; temos a nossa parte
para fazer pois “o céu é arrebatado a força e são os violentos que o conquistam”
– Mateus 11,12. O morno (diz no Apocalipse), Jesus irá vomitar, sede meus imitadores
como eu sou do Cristo, disse-nos São Paulo em suas cartas. Devemos, pois,
discernir, pedindo o dom da sabedoria e inteligência do Espírito Santo, para
sabermos onde precisamos ficar quietos, em nosso lugar, e onde devemos agir na
direção que conduz para a porta estreita, a porta do céu, local das moradas
eternas para os que irão ouvir de Jesus Cristo o “vinde benditos de meu pai”.
Fonte: Jefferson Roger
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