quinta-feira, 21 de outubro de 2021

As razões do juízo final


Aprendemos na doutrina católica que logo após a morte vem o juízo particular e futuramente no final dos tempos virá, após a ressurreição o juízo final e universal. Ora bolas, se já fomos julgados após a morte, de que servirá o julgamento final? Com as palavras retiradas da homilia do Padre Paulo Ricardo (padrepauloricardo.org), ficamos com a bela reflexão sobre as realidades bíblicas que nos aguardam.

“Em primeiro lugar, considerem aqui um Hitler, um Marx ou um Mao Tsé-Tung: suponhamos que eles, na hora de suas mortes, tenham sido condenados ao Inferno; para além disso, é preciso ter em mente que eles tiveram “filhos espirituais”, ou seja, o mal que eles fizeram brotou durante a história, suas más ideias influenciaram outras pessoas, e tudo isso vai ser julgado por Deus. O Juízo universal não altera o fato de eles estarem no Inferno — de fato, eles já estão lá; lá será mostrado, porém, o castigo que eles mereceram, todo o mal que eles fizeram também na história da humanidade.

Sim, trata-se de algo terrível, mas imaginem também o contrário: os santos! Também eles tiveram filhos espirituais, os santos também fizeram grandes coisas. Mas não somente eles: eu, você, os atos que fazemos, as coisas que você vai ensinando para os outros, as almas que, por bondade de Deus, com o nosso apostolado, nós vamos conquistando para Deus, isso aumenta a glória de Deus, não aumenta? Pois bem, no Juízo Final tudo isso contará para aumentar o nosso prêmio no Céu. Então, não, o Juízo universal não irá alterar o destino de uma alma, mas ele fará, sim, um balanço da história: Deus julgará a história, pois os meus atos, os seus atos, têm consequências históricas; você, se fizer o mal, se dele não se arrepender e se, Deus o livre, for condenado ao Inferno, você será castigado também pelas almas que se perderam por sua culpa; por outro lado, se nos esforçarmos e no nosso apostolado fizermos coisas boas, quanta glória para Deus! E Ele é justo juiz; Ele, que nos dá o privilégio de ser instrumentos de sua graça, irá também glorificar os seus instrumentos.

A segunda razão pela qual deve haver um Juízo universal, e não somente o particular, é o fato de que Deus fará justiça com seus justos que foram caluniados. Muitas pessoas más morrem neste mundo com boa fama, sim, mas também muitas pessoas santas morrem difamadas e não são reabilitadas pela história, até porque nós não sabemos todas as coisas. No Juízo universal, porém, Deus irá chamar os seus servos fiéis e dirá a eles: “Bem-aventurados sois vós, quando vos caluniaram e, mentindo, disseram todo tipo de injustiça contra vós. Alegrai-vos e exultai”. Será o momento da glória para todos os que morreram na infâmia. E não é maravilhoso saber disto: que Deus fará justiça com seus eleitos? Que Ele vai reabilitar os justos? Que Ele irá desmascarar também os maus que morreram com fama de justos?

O terceiro motivo pelo qual é necessário que haja um Juízo universal, e não somente o particular, é que no Juízo Final nós seremos ressuscitados. A morte e a natureza ficarão atônitas, boquiabertas. Por quê? Porque, quando virem a criatura ressurgir, quando nos virem ressuscitar, elas dirão: “Ora, mas nós não a havíamos matado? Por que foi que ela voltou à vida?” Para responder ao juiz, aquele que vai julgar. A Palavra de Deus é tão tremenda que a sua presença já ressuscita; é como se Jesus, sentado no trono, dissesse: “Quem fez isso?”, e então, para dar a Ele satisfação, para lhe responder, os mortos ressuscitassem. Neste dia, além de nossas almas, também os nossos corpos, se fizeram o bem — quantas pessoas se penitenciaram, fizeram caridade, ficaram noites sem dormir, jejuaram! —, receberão a recompensa do Céu; e as pessoas condenadas ao Inferno, por sua vez, serão castigadas e responsabilizadas, no corpo, pelo mal que praticaram.

 

A quarta razão pela qual é necessário um Juízo universal é que, nele, Deus irá mostrar a todos a sua Providência. Porque, afinal, quantos de nós já não tivemos aquele momento de fraqueza de dizer: “Meu Deus, por que isto e aquilo? Meu Deus, por que permitis isto com a vossa Igreja? Por que há tanta impiedade dentro da Igreja, tanta infidelidade? A Esposa imaculada do Cordeiro tão desfigurada, tão vilipendiada por gente incrédula… Por que, ó Senhor, permitis isto com vossa Igreja? Por que permitis a tragédia — estas coisas históricas que estamos presenciando: conflitos ideológicos, guerras, fraudes eleitorais?”

Nós rezamos e pedimos a Ele que tenha misericórdia, que intervenha, e Deus ouve, sim, mas às vezes, parece que não, parece que acontece tudo ao contrário… a gente pedia a Deus um bom pastor, de repente vem um lobo em pele de ovelha. Pois bem, por que Deus permite essas coisas? No Juízo Final, Ele irá mostrar por quê, Ele irá mostrar a sua Providência e nós, então, entenderemos tudo, entenderemos como havia uma mão bondosa que guiava todas estas coisas. Agora, estas coisas nos confundem e até nos tentam a duvidar da bondade de Deus, mas no fim tudo ficará claro e a sua sabedoria se manifestará.

Por fim — quinto ponto —, o Juízo Final servirá para a consolação dos bons e o terror dos maus. É o dia da justiça de Deus, depois deste tempo da misericórdia, que nós estamos vivendo. Meu irmão, ainda é tempo; enquanto ainda se disser “hoje”, como diz o Salmo, há tempo de mudarmos o nosso coração e abraçarmos a misericórdia. Mas haverá um momento em que se fará justiça, e é bom que seja assim. Afinal, se não houver a justiça final, a última palavra não será do bem; a última palavra, a última gargalhada, será a gargalhada infernal dos demônios, que dirão: “Viu só? Não precisava ter obedecido a Deus; não precisava ter feito nada de bom. Deus não irá julgar ninguém…”. Como Deus poderia ser bom, se no fim Ele não ouvisse o sangue dos inocentes clamando por justiça, se Ele não fizesse justiça a tantas vítimas, crianças inocentes, pessoas que, em sua miséria e impotência, nada podiam fazer para responder a seus agressores? Não, Deus fará justiça e a fará rápido, disse Jesus”.

Fonte: Jefferson Roger

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