Aprendemos nas sagradas escrituras que não temos autoridade
para “arrancarmos” de Deus o que queremos; ele, que não é surdo, já ouviu da primeira
vez que nos dirigimos com agradecimentos, súplicas, reclamações, pedidos, exigências
e outras formas de uso que atribuímos às nossas orações.
Muitos parecem rezar como se dissessem para Deus: não está
ouvindo meu clamor? Não está vendo minha necessidade? Por que vira as costas e
se faz de surdo? Até quando preciso implorar suas migalhas? E a lista poderia
seguir muito em frente. Todavia, muitas vezes de fato, o ser humano se comporta
como se fosse um cão esperando ao pé da mesa que alguma migalha caia sobre si.
Não arreda o pé do local.
Não é assim que muitas pessoas fazem suas orações? Ficam
insistentemente cobrando de Deus o que querem repetindo, repetindo e repetindo
suas orações firmes em seu propósito em alcançar êxito. Fazem de suas orações
um espernear frenético, como se dessem de dedo no altíssimo cobrando pela
demora em serem atendidos.
Mas Jesus vem nos alertar que não é assim que as coisas
funcionam: Mateus 6,7-8 – “Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras,
como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os
imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais”.
Eis aí a chamada de atenção do ressuscitado. No entanto, uma dúvida pode pairar
sobre os corações: como fica o Santo Rosário? A Santa Missa semanal? Quando rezamos
ao anjo da guarda diariamente? Em todas essas práticas o que fazemos é repetir
orações; como fica então a proibição de multiplicar palavras condenadas por
Jesus?
Simples, assim como dizemos que gostamos de alguém várias
vezes durante a vida, não o fazemos porque ela esquece, ou porque é cabeça dura
e precisa ser relembrada disso, fazemos para demonstrar o apreço que sentimos,
que não deve ser guardado e sim dado a quem lhe pertence. Da mesma forma nossas
orações, através delas entregamos a Deus nesse diálogo de palavras, de pedidos
e de agradecimentos, o que queremos e precisamos, nossos arrependimentos e
tristezas, tudo que nos acompanha o coração. E agindo assim, forçamos Deus a
nada, ao contrário nos forçamos em súplicas a renunciarmos a nós mesmos,
tomarmos nossa cruz dia após dia e segui-lo – Lucas 9,23 – contando com seu
auxílio paternal (João 15,5) constantemente.
Fonte: Jefferson Roger
Nenhum comentário:
Postar um comentário