E eu quero sentir coisas boas, afinal, querer abraçar o
sofrimento é coisa para malucos. Para que procurar ou se deleitar em sofrimentos
e dificuldades quando aquilo que é bom e prazeroso dá mais brilho à vida? Ora
ora, deixemos que os metidos a santos que o façam. Ademais, realmente se trata
de um maluco uma pessoa que resolve incutir em si práticas severas em sua vida,
para o bom grado de Deus, para se obter o céu. E quando estudamos a biografia
desses homens, mulheres e crianças, nos damos conta que é algo quase heroico,
senão for insano ou doentio, nada sadio.
Pois bem, existe uma linha a seguir nisso tudo, um tom, um
porquê. Os contrários ao raciocínio cristão certamente podem definir como
maluco, uma pessoa aceitar passar por sofrimentos muito exacerbados
simplesmente para levar a culpa por outro e libertar esse outro de uma dívida
impagável. Sofrer voluntariamente por alguém? Sair e deixar o conforto de uma
maresia tranquila e uma brisa agradáveis em minha vida para levar na cara e no
corpo e no coração, os golpes da maldade no lugar de outra pessoa? Sai de mim!
Pois é, Jesus fez tudo isso e a bíblia radicaliza ensinando que devemos ser
seus imitadores em tudo (1ª Coríntios 11,1 – Efésios 5,1).
Todavia, tanto é verdade, esse ingrediente na vida do
sujeito para que ele possa retornar ao céu, que muitos versículos bíblicos
falam da vantagem e do mérito que se recebe ao abraçar a própria cruz e parar
de padecer, parar de reclamar das purificações que acontecem em vida, enviadas
e queridas por Deus. Ao invés da pessoa sentir prazer em agradar a Deus ela
quer sentir prazer em saciar suas vontades e entre elas, nenhuma é agrada-lo.
Deus lhe concede a graça de aumentar sua santidade e vida na
graça passando por dificuldades, que podem ser superadas com seu auxílio e
oferecidas a ele por amor. Ao invés disso, não enxergando a oportunidade
concedida pelo altíssimo, essa dificuldade é posta de lado e soluções próprias
são buscadas para substituir a aparente causa. Como exemplo, o viciado, seja lá
em que for; ao invés de entregar a Deus sua vontade e abstinência, suplicar seu
auxílio, reconhecendo que sozinho não tem forças para superar o mal. Contrariamente
afunda-se ainda mais desgraçadamente nesse mal, se extasia com essa recaída,
saboreia ainda mais o seu prazer e não vê que com isso se coloca cada vez mais
distante da luz de Deus e sua salvação.
Fonte: Jefferson Roger