Como sempre se é de esperar, o diabo não abre mão de nada
quando o assunto é derrubar uma alma para que ela se precipite ao inferno. Nada
lhe passa despercebido, tudo pode ser utilizado como ferramenta no combate entre
o bem e o mal. E nós, as pobres almas, fracas e pecadoras, somos o “troféu” tão
querido pelo inimigo.
Dentre as ferramentas que ele utiliza, encontra-se a abstinência,
sobretudo, quando ela se manifesta em forma de crise. O pecado, que é de
natureza espiritual, mas conta com maior ou menor participação do corpo, por
causa dessa participação está inserido no contexto da graça ou desgraça, uma
ciência. Vamos entender.
O sujeito toma gosto por uma coisa (pessoa, objeto, situação
ou um híbrido de tudo isso com algo a mais), esse gosto, assimilado pelo organismo
cria na rede neural do indivíduo uma ligação responsável por ele. Quando na
batalha para vencer o mal, a pessoa resolve romper com o pecado e afastar-se
das ocasiões que podem origina-lo, decretando oficialmente um fim em seu
comportamento para tudo aquilo que lhe trazia a vida na desgraça.
O problema aí é que, a partir de então, a rede neural que
não foi interrompida segue ativa emitindo seus sinais para que o corpo, que insiste
em dominar coração e mente, continue saciando as vontades já enraizadas. Pobre
pessoa, sabe muito bem o que enfrenta, pois, aos poucos precisa aumentar sua
força de vontade já que a conversão, a mudança de comportamento radical (e tem
que ser radical porque se livrar aos poucos é o mesmo que não se livrar), promove
no cristão a falta dos velhos hábitos, que inicia um processo gradativo de abstinência.
Abstinência essa que vai cobrar caro pelo seu abandono e
conversão com mudança de vida; ao ponto de se manifestar em sua forma grave, a
chamada crise de abstinência. Não é assim, por exemplo, com o alcoólatra? Ele a
cada copo de bebida diz inutilmente que é o último, que está diminuindo e que
quando quiser, ele para. Ah tá... Traduzindo... Não vai parar nunca, já é de
estimação o vício que tanto lhe prejudica.
Na abstinência e suas crises acontece o mesmo, quando a
pessoa se arrepende e volta para a vida da graça, inicia uma luta maior ainda
do que quando não tinha caído pela primeira vez. Se ceder e recair (fato que
Jesus alertou ser ainda mais grave e até sete vezes pior de se reerguer), perde
a cada combate o esforço para superar a crise que não quer se separar de forma
alguma. Durante esses momentos, certamente o demônio, assalta o penitente com
incansáveis tentações e situações de queda, pois sabe que a fraca alma possui
muitas feridas difíceis de cicatrizar por conta de uma vida de pecados. E para
essa dificuldade toda as sagradas escrituras nos trazem o grande ensinamento do
Ressuscitado: João 15,5 – “sem mim nada podeis fazer”. Isso inclui vencer as
batalhas (todas elas) durante a caminhada, subindo rumo ao céu.
Fonte: Jefferson Roger
Nenhum comentário:
Postar um comentário