quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

O diabo e a abstinência


Como sempre se é de esperar, o diabo não abre mão de nada quando o assunto é derrubar uma alma para que ela se precipite ao inferno. Nada lhe passa despercebido, tudo pode ser utilizado como ferramenta no combate entre o bem e o mal. E nós, as pobres almas, fracas e pecadoras, somos o “troféu” tão querido pelo inimigo.

Dentre as ferramentas que ele utiliza, encontra-se a abstinência, sobretudo, quando ela se manifesta em forma de crise. O pecado, que é de natureza espiritual, mas conta com maior ou menor participação do corpo, por causa dessa participação está inserido no contexto da graça ou desgraça, uma ciência. Vamos entender.

O sujeito toma gosto por uma coisa (pessoa, objeto, situação ou um híbrido de tudo isso com algo a mais), esse gosto, assimilado pelo organismo cria na rede neural do indivíduo uma ligação responsável por ele. Quando na batalha para vencer o mal, a pessoa resolve romper com o pecado e afastar-se das ocasiões que podem origina-lo, decretando oficialmente um fim em seu comportamento para tudo aquilo que lhe trazia a vida na desgraça.

O problema aí é que, a partir de então, a rede neural que não foi interrompida segue ativa emitindo seus sinais para que o corpo, que insiste em dominar coração e mente, continue saciando as vontades já enraizadas. Pobre pessoa, sabe muito bem o que enfrenta, pois, aos poucos precisa aumentar sua força de vontade já que a conversão, a mudança de comportamento radical (e tem que ser radical porque se livrar aos poucos é o mesmo que não se livrar), promove no cristão a falta dos velhos hábitos, que inicia um processo gradativo de abstinência.

Abstinência essa que vai cobrar caro pelo seu abandono e conversão com mudança de vida; ao ponto de se manifestar em sua forma grave, a chamada crise de abstinência. Não é assim, por exemplo, com o alcoólatra? Ele a cada copo de bebida diz inutilmente que é o último, que está diminuindo e que quando quiser, ele para. Ah tá... Traduzindo... Não vai parar nunca, já é de estimação o vício que tanto lhe prejudica.

Na abstinência e suas crises acontece o mesmo, quando a pessoa se arrepende e volta para a vida da graça, inicia uma luta maior ainda do que quando não tinha caído pela primeira vez. Se ceder e recair (fato que Jesus alertou ser ainda mais grave e até sete vezes pior de se reerguer), perde a cada combate o esforço para superar a crise que não quer se separar de forma alguma. Durante esses momentos, certamente o demônio, assalta o penitente com incansáveis tentações e situações de queda, pois sabe que a fraca alma possui muitas feridas difíceis de cicatrizar por conta de uma vida de pecados. E para essa dificuldade toda as sagradas escrituras nos trazem o grande ensinamento do Ressuscitado: João 15,5 – “sem mim nada podeis fazer”. Isso inclui vencer as batalhas (todas elas) durante a caminhada, subindo rumo ao céu.

Fonte: Jefferson Roger


 

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