Nada auxilia tanto os planos do demônio quanto as ocasiões
de pecado. São como que as emboscadas onde a todo momento aquela antiga
serpente prepara o bote. Logo não há outra alternativa para o homem: ou a fuga
das más ocasiões ou a morte espiritual. Sobre isso adverte-nos Santo Afonso Maria
de Ligório:
“Um sem número de cristãos se perde por não querer evitar as
ocasiões de pecado. Quantas almas lá no inferno não se lastimam e queixam:
'infeliz de mim! Se tivesse evitado aquela ocasião, não estaria agora condenado
por toda a eternidade!'. O Espírito Santo diz: 'Quem ama o perigo, nele
perecerá' (Eclesiástico 3,27). Segundo São Tomás, a razão disso é que Deus nos
abandona no perigo quando a ele nos expomos deliberadamente ou dele não nos
afastamos. São Bernardino de Sena diz que dentre todos os conselhos de Jesus
Cristo, o mais importante e como que a base de toda a religião, é aquele pelo
qual nos recomenda a fuga da ocasião de pecado.
São Pedro nos afirma que o demônio rodeia cada alma para ver
se a pode tragar: 'Vosso adversário, o demônio, vos rodeia como um leão que
ruge, procurando a quem devorar' (1ª Pedro 5,8). São Cipriano, explicando essas
palavras, diz que o demônio espreita uma porta por onde possa entrar na alma;
logo que se oferece uma ocasião perigosa, diz consigo mesmo: ‘Eis a porta pela
qual poderei entrar’, e imediatamente sugere a tentação. Se então a alma se
mostrar indolente para fugir da tentação, cairá seguramente, em especial se se
tratar de um pecado impuro. É a razão por que ao demônio mais desagradam os
propósitos de fugirmos das ocasiões de pecado, que as promessas de nunca mais
ofendermos a Deus, porque as ocasiões não evitadas tornam-se como uma faixa que
nos venda os olhos para não vermos as verdades eternas, as formas das coisas
santas e as promessas feitas a Deus.
É verdade que Deus atende a quem Lhe suplica, mas não poderá
atender à oração daquele que conscientemente se expõe ao perigo e não o deixa,
apesar de o conhecer. Ó Deus, quantos cristãos existem que, apesar de levarem
uma vida piedosa, caem finalmente e obstinam-se no pecado, só porque não querem
evitar a ocasião próxima do pecado impuro. Por isso nos aconselha São Paulo (Filipenses
2,12): 'Com temor e tremor operai a vossa salvação'. Quem não teme e ousa
expor-se às ocasiões perigosas, principalmente quando se trata do pecado
impuro, dificilmente se salvará."
Com este trecho retirado dos escritos de Santo Afonso
percebemos, na clareza de suas palavras, quão sério e delicado é o assunto da
salvação de nossas almas.
Fonte: Jefferson Roger
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