terça-feira, 22 de março de 2022

Deus me deixa confuso


Olha só pessoal, arrisco dizer que possivelmente todo mundo passe alguma vez na vida pela sensação de que Deus quer de nós coisas ambíguas. De fato, ele surpreende a todos e nem os grandes santos escaparam da sensação de achar uma coisa a seu respeito e descobrirem que ele é e age diferente do que pensávamos a seu respeito.

Basta um simples exemplo, o de Santa Tereza de Ávila, que pronunciou a frase célebre, resmungando contra Deus: “se é assim que trata seus amigos, não é à toa que tens tão poucos”. E por falar em santos, eles se lamentavam em lágrimas ao dizer que temiam não haver espaço bastante no inferno em face a tantas pessoas que se condenam.

Pois é, parece que Deus nos “força” até a fina linha de nosso limite. Parece haver prazer em nos ver contorcer e padecer nessa vida; parece haver um cuidado todo especial em nos manter ali, sempre em necessidades, sempre em dificuldades e, de vez em quando, nos agracia com suas bênçãos para que paremos um pouco de reclamar.

É um jeito de amar bem difícil de entender e por falar em amar, ele ainda nos ordena que devemos amá-lo sobre todas as coisas. Tem mais, diz que devemos rezar a ele pedindo que seja feita sempre a sua vontade. Todavia Jesus diz que o que pedirmos em seu nome ao Pai, estando dois ou mais reunidos em seu nome, seja o que for, tudo, ele nos concederá.

Pronto, confusão das confusões. Porém, para acalmar os ânimos, eis que o Espírito Santo nos ensina que não sabemos o que pedir, nem pedir como convém. Ora bolas, e não é tudo isso uma confusão? O ser humano conhece a experiência de se interessar, se enamorar, se apaixonar e amar. Seu referencial é humano, físico. Sua relação, de criatura e criador, não consegue passar por esferas semelhantes das que vivenciamos nas interrelações e por isso não atingimos a comunhão de amor.

Claro, é um esforço que sempre temos que fazer. Um esforço que consiste em reorganizarmos tudo que o mundo nos ensina para que não confundamos o amor que vem de Deus, assim como a paz que vem de Jesus, ambos, bem diferentes daquilo que o mundo oferece e convenhamos: quem gosta de colocar confusão em nossas cabeças é o pai da mentira, nosso inimigo, o diabo. Quanto mais perto de Deus a alma está, mais ela é tentada (palavras do Padre Pio). Por isso, o incansável inimigo quer que pensemos que Deus não nos quer como filhos e sim como servos. Temos, como sempre dizemos por aqui, que escolher o lado: o que aprendemos com Deus ou o que aprendemos com o demônio.

Fonte: Jefferson Roger


 

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