sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Olhares e aparências


Certo dia, uma mãe que estava na fila da escola, esperando o portão abrir para que as crianças fossem recolhidas e começasse o período escolar, se deparou com uma experiência não muito agradável; não sei, se o fato é corriqueiro, muito constante, mas que acontece, acontece. O filho, que estudava nas primeiras séries dessa escola de ensino fundamental e ensino regular, era autista e tinha, conforme relatou sua mãe, muito medo de cachorro.

Eis que enquanto aguardavam na fila, um desses cachorros de rua que perambulavam pelo bairro, e especialmente perto da escola, onde havia alguns vendedores de comida, justamente por conta do movimento e do horário, começou a cheirar aqui e ali como é comum aos cachorros que sempre parecem estar famintos.

Ao se aproximar dessa mãe com seu filho autista, a criança começou a agir conforme sua natureza e, segundo se soube, agitou-se bastante e ficou muito perturbada com a presença do animal. O fato incomodou as pessoas da fila e a mãe se viu em maus lençóis. Foi então que outra mãe não se conteve e disse aos berros: “vocês precisam se tratar”!

A acusada procurou como pode conter o autista e dominar a situação, porém, dentro de si, chorava as lágrimas da incompreensão, do julgamento alheio e dos olhares acusadores. Mais tarde, veio a confessar que pode desabafar por inteiro quando chegara em casa; lágrimas pesadas regadas pelo comportamento daqueles que, não sabendo o que se passa na vida de alguém, decidem, com base no que veem, como estão e como devem ser as coisas.

Não somos como Jesus Cristo, que vê nos corações e sabe nossos pensamentos; para nossa “sorte” ele irá nos julgar pelas nossas obras (Apocalipse 22,12). Devemos ser, aprendemos na bíblia, seus imitadores – 1ª Coríntios 11,1 – e isso, para que exercitemos o mesmo proceder do ressuscitado. Ele mesmo nos ensinou que devemos tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. Que os impulsos e a falta de paciência e fé não permitam jamais que sejamos como essas pessoas da fila da escola.

Fonte: Jefferson Roger


 

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