Certo dia, uma mãe que estava na fila da escola, esperando o
portão abrir para que as crianças fossem recolhidas e começasse o período
escolar, se deparou com uma experiência não muito agradável; não sei, se o fato
é corriqueiro, muito constante, mas que acontece, acontece. O filho, que estudava
nas primeiras séries dessa escola de ensino fundamental e ensino regular, era autista
e tinha, conforme relatou sua mãe, muito medo de cachorro.
Eis que enquanto aguardavam na fila, um desses cachorros de rua que perambulavam
pelo bairro, e especialmente perto da escola, onde havia alguns vendedores de
comida, justamente por conta do movimento e do horário, começou a cheirar aqui
e ali como é comum aos cachorros que sempre parecem estar famintos.
Ao se aproximar dessa mãe com seu filho autista, a criança
começou a agir conforme sua natureza e, segundo se soube, agitou-se bastante e
ficou muito perturbada com a presença do animal. O fato incomodou as pessoas da
fila e a mãe se viu em maus lençóis. Foi então que outra mãe não se conteve e
disse aos berros: “vocês precisam se tratar”!
A acusada procurou como pode conter o autista e dominar a
situação, porém, dentro de si, chorava as lágrimas da incompreensão, do julgamento
alheio e dos olhares acusadores. Mais tarde, veio a confessar que pode desabafar
por inteiro quando chegara em casa; lágrimas pesadas regadas pelo comportamento
daqueles que, não sabendo o que se passa na vida de alguém, decidem, com base
no que veem, como estão e como devem ser as coisas.
Não somos como Jesus Cristo, que vê nos corações e sabe
nossos pensamentos; para nossa “sorte” ele irá nos julgar pelas nossas obras
(Apocalipse 22,12). Devemos ser, aprendemos na bíblia, seus imitadores – 1ª
Coríntios 11,1 – e isso, para que exercitemos o mesmo proceder do ressuscitado.
Ele mesmo nos ensinou que devemos tratar os outros como gostaríamos de ser
tratados. Que os impulsos e a falta de paciência e fé não permitam jamais que
sejamos como essas pessoas da fila da escola.
Fonte: Jefferson Roger
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