Da mesma forma que as coisas vêm, elas vão. O sujeito não
cai numa vida desregrada de uma hora para outra; não deita em amizade com Deus
e acorda amigo do diabo. O processo para se cair no abismo começa com o primeiro
passo e de passo em passo vai conduzindo a pobre alma para a beirada do abismo,
onde se espera então, o empurrão final para a queda devastadora.
Da mesma forma, o recomeço para a vida da graça não acontece
num piscar de olhos; ele é cheio de recaídas, cheio de dificuldades e tem
poucas chances de sucesso. Claro, alguém acha que o diabo quer abrir mão de tão
grande conquista? Uma alma criada por Deus para a felicidade eterna? É evidente
que não, isso é vendido muito caro. Quanto mais no atoleiro se está, mais
difícil fica sair. É como o peixe que não tem noção que está cercado de água.
Por conseguinte, mesmo que o retorno para uma vida em
amizade com Deus seja muito difícil de acontecer depois que a pessoa mergulhou
tão fundo nas trevas, ele pode acontecer. Jesus garantiu isso, pois nos disse
que “para Deus tudo é possível”. Sem dúvida, ou alguém acha que que ele vai
deixar barato uma alma sua perecer nas trevas só para o deleite e desforra do
inimigo? Se a alma para lá vai, escolheu livremente, depois de toda a
advertência celeste, viver a vida do mundo que presenteia e recompensa com
prazeres distantes dos que Deus concede às almas que vivem sob seus mandatos.
Se esse é o caso de quem peregrina neste mundo, ou se escolhe
viver sem Deus e para si, ou se escolhe viver com Deus e para ele, deixando de
lado a cada dia e aos poucos, se for preciso, tudo que foi permitido invadir o
coração e preenche-lo ocupando o lugar da morada do Espírito Santo. “Quem
quiser se salvar (disse Jesus), renuncie a si mesmo, tome sua cruz dia após dia
e me siga” – Lucas 9,23.
Fonte: Jefferson Roger
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