Pois bem, sabemos que em nossa sociedade existem muitos
trabalhos sujos, tanto no sentido de sujo ser aquilo que é contrário a limpo,
quanto no sentido de ser algo que se quer evitar, que é um verdadeiro
sofrimento, martírio, ter que fazer. Qualquer um de nós pode, com muita
facilidade e um pouco de raciocínio, elencar algumas profissões que se
enquadram nesta definição: desentupidores de sistema de esgoto, coveiros,
vigias noturnos, socorristas do Siate, cuidadores de pessoas em estado vegetativo
ou quase assim, coletores do lixo domiciliar... e a lista poderia se alongar
muito mais, todavia; para o bem de muitos, o bem da sociedade, alguém tem que
fazer, alguém tem que se dispor a fazê-lo.
Outro exemplo seriam os caminhoneiros das transportadoras; fazemos
nossas compras pela internet e enquanto dormimos eles atravessam a noite entre
os estados do Brasil para que no dia seguinte, nossos pedidos sejam despachados
do depósito mais próximo de nossas casas rumo ao destino final. Enfim, são
amores a profissões importantes, essenciais, algumas vezes (para ser otimista)
não valorizadas. Será que em tempos como os que vivemos hoje, a profissão de
professor está se tornando uma profissão suja? Que ninguém mais quer fazer?
Já se foi o tempo em que o aluno indisciplinado, colocado de
castigo na escola, se contasse em casa para os pais, também de castigo ficaria
em casa. Se brigasse na escola e chegasse machucado em casa, apanharia em casa.
Se os pais fossem chamados a comparecer na escola por alguma coisa ruim que fosse,
comportamental ou não, ai do filho quando os pais retornassem para casa:
castigo ou surra na certa. Desrespeitar o professor em sala de aula? Onde já se
viu! Não foi essa a educação que eu te dei! Não responda o professor, não erga
a voz, não ofenda, seja educado e repito: ai de você se me aprontar e eu tiver
que comparecer na escola!
Em nossa geração isso era assim, tínhamos que andar na linha e todos sobrevivemos, crescendo em ombridade e caráter. Em nossa geração e até não tão pouco tempo, permanecendo ainda – graças a Deus – no seio familiar de muitas casas que ainda prezam por valores que são imutáveis. No entanto e infelizmente, têm sido substituídos por outros valores. Mas estamos aí, nós professores, alguém precisa fazer e nós iremos fazer, pois queremos ser parte na vida desses alunos, para que ajudemos com que aprendam e se tornem pessoas as melhores possíveis, para si próprias, para as que as amam e para o mundo em que vivem. Isso realiza o propósito de todo educador e ainda nestes dias, em meio a tantas dificuldades e valores empobrecidos, substituídos, modificados e maculados por novas regras mundanas, existem os alunos que compreendem, pois aprenderam de berço, que o conhecimento não lhes pode ser tirado. E perante o altíssimo, que vê os corações e o oculto, saiba o professor e o aluno, que “Deus fará prestar contas de tudo o que está oculto, todo ato, seja ele bom ou mau” – Eclesiastes 14,14
Fonte: Jefferson Roger
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