domingo, 12 de novembro de 2023

Um dia a menos


Ontem, dentro da contagem regressiva desta história, oito dias se seguirão até que saiba o leitor como esse acontecimento termina, ou começa. A mãe tinha partido, começara então uma desestruturação familiar. Sim, em famílias precisam existir alicerces do contrário, como nas construções de alvenaria, a ruína é algo muito possível de se acontecer. Se em famílias saudáveis suas bases e fundamentos já são testados pelo mundo e pelo diabo diariamente e incessantemente, quem dirá se não existir solidez familiar?

Lá se tinha ido, com apenas 43 anos, perdera a batalha contra o câncer. A família se dispersou; em poucos meses pai e irmãos seguiram cada um os seus caminhos e para mim, não foi diferente. Eu trabalhava, jogava o meu videogame, corria a pé (isso desde 3 de setembro de 1982), assistia aos filmes e documentários preferidos e seguia adiante. Detalhe: ainda não tinha chorado a morte de minha mãe.

Maio, Junho, Julho... Os meses caminhavam, pois, a vida é assim, se você tentar pular fora desse trem ele não irá parar te esperando, aguardando que reembarque. Ele está em movimento, só avança, sempre em frente, com destino certo. Nele, você deve estar e suportar todas as adversidades do trajeto caso pretenda desembarcar no ponto final. Não pule antes, pode se arrepender e isso ser tarde.

Então foi o que fiz, segurei as pontas, aguentei firme. Na rotina de nossas vidas, que embora não pareça, sempre são modificadas eu procurava olhar para frente, pois, tinha que ter em mente que o segundo do momento presente ia me deixando a cada batida do coração. Soframos ou não, isso não importa. A implacabilidade da vida não está nem aí para você. Suporte e resista ou será soterrado por não lutar. Se é assim que é, não me restava opção, tinha que seguir lutando, aproximando-se do meu primeiro aniversário sem a presença de minha mãe.

Artigo anterior:

1 - Contando os dias

Fonte: Jefferson Roger


 

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