Ontem, dentro da contagem regressiva desta história, oito dias
se seguirão até que saiba o leitor como esse acontecimento termina, ou começa.
A mãe tinha partido, começara então uma desestruturação familiar. Sim, em
famílias precisam existir alicerces do contrário, como nas construções de
alvenaria, a ruína é algo muito possível de se acontecer. Se em famílias saudáveis
suas bases e fundamentos já são testados pelo mundo e pelo diabo diariamente e
incessantemente, quem dirá se não existir solidez familiar?
Lá se tinha ido, com apenas 43 anos, perdera a batalha
contra o câncer. A família se dispersou; em poucos meses pai e irmãos seguiram
cada um os seus caminhos e para mim, não foi diferente. Eu trabalhava, jogava o
meu videogame, corria a pé (isso desde 3 de setembro de 1982), assistia aos
filmes e documentários preferidos e seguia adiante. Detalhe: ainda não tinha
chorado a morte de minha mãe.
Maio, Junho, Julho... Os meses caminhavam, pois, a vida é
assim, se você tentar pular fora desse trem ele não irá parar te esperando,
aguardando que reembarque. Ele está em movimento, só avança, sempre em frente,
com destino certo. Nele, você deve estar e suportar todas as adversidades do
trajeto caso pretenda desembarcar no ponto final. Não pule antes, pode se arrepender
e isso ser tarde.
Então foi o que fiz, segurei as pontas, aguentei firme. Na
rotina de nossas vidas, que embora não pareça, sempre são modificadas eu procurava
olhar para frente, pois, tinha que ter em mente que o segundo do momento
presente ia me deixando a cada batida do coração. Soframos ou não, isso não
importa. A implacabilidade da vida não está nem aí para você. Suporte e resista
ou será soterrado por não lutar. Se é assim que é, não me restava opção, tinha
que seguir lutando, aproximando-se do meu primeiro aniversário sem a presença
de minha mãe.
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Fonte: Jefferson Roger
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