“E o jovem foi embora muito triste porque tinha muitos bens”.
Essa é uma das narrativas do evangelho. Onde a felicidade se esvai por conta de
necessidades maiores na vida. Na explicação bíblica que Jesus apresentou, na
busca por mais conhecimento e comprovações de suas certezas, o não nominado
jovem se entristeceu quando o Cristo disse que o caminho da santidade passa
pelo desapego.
Em suma, pode a verdade chocar de imediato, mas ainda bem
que a primeira impressão, neste caso, não precisa ser a impressão definitiva.
Na vida, algumas aparências podem enganar e uma postura mais centrada em
valores divinos pode e muito, ajudar o percurso que percorremos até o céu.
Recentemente, na escola em que leciono, como às vezes
acontece, houve uma reestruturação de horários dos alunos e também de turmas de
professores. Nesta ocasião, entreguei duas turmas de ensino fundamental do novo
ano e recebi duas turmas do ensino médio do segundo ano. Exatamente e creio que
certamente, situações assim nem agradam a todos, tampouco desagradam a
totalidade dos envolvidos. Todavia, para se falar de um exemplo que me
aconteceu entre alguns, um dos alunos do nono ano, no retorno das férias do
meio ano, foi, junto com sua turma, surpreendido ao entrar na sala outra
professora em meu lugar. Depois do dia ter terminado, este aluno me esperou no
pátio e, assim que me viu, veio conversar. Disse ele para mim: “Professor, hoje
era para o senhor ter dado aula para nós, mas como você não pode, outra
professora lhe substituiu apenas no dia de hoje, não é mesmo!?”
Percebem o que ocorreu? Na pergunta do aluno existia
embutida uma fala que demonstrava o seu verdadeiro desejo. Ele queria ouvir que
era isso mesmo, que as coisas eram como ele tinha dito, que neste dia eu fui
substituído, ou porque cheguei tarde, atrasado, tive compromisso particular ou
algo assim; e como não chegaria em tempo para a aula, a direção da escola tinha
me substituído para que a turma não ficasse sem aula. Tive de responder, de
forma resumida, o que tinha acontecido e minha resposta o atingiu como uma
flecha certeira. Seu olhar se transformou, sua fisionomia também e então,
depois de suspirar com uma puxada de ar que parecia engolir grande pesar, mirou
seu olhar em mim e disse com voz arrastada: “Isso é muito triste.” Se despediu
de mim com um aperto de mão, deu de ombros como a lamentar e foi embora. São
aprendizados os que passamos a todo momento em nossas vidas, vidas que são coleções
de momentos. Ficou de minha parte um sentimento misto, por ele não estar mais
comigo, mas por ser reconhecido com apreço por sua pessoa. A situação soou, em
analogia, como uma amostra de como deve ser o que sentimos por Jesus. Não
podemos entrar na eternidade tristes porque estaremos separados dele para
sempre, no fogo eterno do inferno, mas contentes por ter seguido seus ensinamentos
para podermos prosperar nesta e na vida vindoura do paraíso.
Fonte: Jefferson Roger
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