sexta-feira, 26 de julho de 2024

Muito triste


“E o jovem foi embora muito triste porque tinha muitos bens”. Essa é uma das narrativas do evangelho. Onde a felicidade se esvai por conta de necessidades maiores na vida. Na explicação bíblica que Jesus apresentou, na busca por mais conhecimento e comprovações de suas certezas, o não nominado jovem se entristeceu quando o Cristo disse que o caminho da santidade passa pelo desapego.

Em suma, pode a verdade chocar de imediato, mas ainda bem que a primeira impressão, neste caso, não precisa ser a impressão definitiva. Na vida, algumas aparências podem enganar e uma postura mais centrada em valores divinos pode e muito, ajudar o percurso que percorremos até o céu.

Recentemente, na escola em que leciono, como às vezes acontece, houve uma reestruturação de horários dos alunos e também de turmas de professores. Nesta ocasião, entreguei duas turmas de ensino fundamental do novo ano e recebi duas turmas do ensino médio do segundo ano. Exatamente e creio que certamente, situações assim nem agradam a todos, tampouco desagradam a totalidade dos envolvidos. Todavia, para se falar de um exemplo que me aconteceu entre alguns, um dos alunos do nono ano, no retorno das férias do meio ano, foi, junto com sua turma, surpreendido ao entrar na sala outra professora em meu lugar. Depois do dia ter terminado, este aluno me esperou no pátio e, assim que me viu, veio conversar. Disse ele para mim: “Professor, hoje era para o senhor ter dado aula para nós, mas como você não pode, outra professora lhe substituiu apenas no dia de hoje, não é mesmo!?”

Percebem o que ocorreu? Na pergunta do aluno existia embutida uma fala que demonstrava o seu verdadeiro desejo. Ele queria ouvir que era isso mesmo, que as coisas eram como ele tinha dito, que neste dia eu fui substituído, ou porque cheguei tarde, atrasado, tive compromisso particular ou algo assim; e como não chegaria em tempo para a aula, a direção da escola tinha me substituído para que a turma não ficasse sem aula. Tive de responder, de forma resumida, o que tinha acontecido e minha resposta o atingiu como uma flecha certeira. Seu olhar se transformou, sua fisionomia também e então, depois de suspirar com uma puxada de ar que parecia engolir grande pesar, mirou seu olhar em mim e disse com voz arrastada: “Isso é muito triste.” Se despediu de mim com um aperto de mão, deu de ombros como a lamentar e foi embora. São aprendizados os que passamos a todo momento em nossas vidas, vidas que são coleções de momentos. Ficou de minha parte um sentimento misto, por ele não estar mais comigo, mas por ser reconhecido com apreço por sua pessoa. A situação soou, em analogia, como uma amostra de como deve ser o que sentimos por Jesus. Não podemos entrar na eternidade tristes porque estaremos separados dele para sempre, no fogo eterno do inferno, mas contentes por ter seguido seus ensinamentos para podermos prosperar nesta e na vida vindoura do paraíso.

Fonte: Jefferson Roger


 

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